
O Globo
RIO – O reaquecimento do turismo pós-pandemia é tema da última edição do “E Agora, Brasil?” deste ano, realizado na manhã desta quarta-feira. O evento, em formato digital, discutiu o novo cenário da indústria de viagens, com transmissão ao vivo pelo GLOBO e pelo Valor Econômico.

Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 e a retomada da economia, as viagens voltaram a acontecer. Globalmente, o mercado doméstico sai na frente, impulsionado principalmente pelo turismo de lazer, com destino a lugares de praia e junto à natureza.
Entenda antes de viajar: Voos internacionais terão regras mais flexíveis até março de 2022
Também a malha das empresas aéreas está sendo ampliada. Em setembro, a oferta de voos nacionais no Brasil ficou apenas 17,4% abaixo da registrada em igual mês de 2019, antes do início da pandemia. A hotelaria já espera uma virada de ano com ocupação em alta e tarifas subindo.
Em paralelo, a rede de voos internacionais está sendo recomposta na medida em que vão sendo retiradas por diversos países as barreiras à entrada de turistas adotadas para conter a propagação do novo coronavírus, a exemplo do que já ocorre em países como Estados Unidos e Portugal, que voltaram a receber os brasileiros.
Em novembro: Ministério do Turismo anuncia retorno dos cruzeiros marítimos no Brasil
O “E Agora, Brasil?” é realizado pelos jornais O GLOBO e Valor Econômico, com patrocínio do Sistema Comércio através da CNC, do Sesc, do Senac e de suas federações.
A Confederação Nacional do Comércio (CNC) estima crescimento de quase 20% nas receitas geradas pelo turismo em 2021. Se confirmada a projeção, será a maior taxa de expansão do setor em 11 anos.
Rumo à Europa:‘Brasil será fundamental na recuperação da TAP’, diz CEO global da companhia aérea portuguesa
Participaram do debate Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil; Leonel Andrade, presidente da CVC;
; Magda Nassar, à frente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), e Carina Câmara, coordenadora da Câmara Temática de Turismo do Consórcio Nordeste.
O evento teve mediação de Mariana Barbosa, colunista do GLOBO, e de Maria Luiza Filgueiras, colunista do Valor Econômico.
No debate, Magda Nassar contou que o setor, um dos que mais sofreram com a pandemia, já está em franca expansão. Para ela, isso tudo tem ocorrido de forma muito segura:
— O setor do turismo segue todos os protocolos, é seguro do ponto de vista sanitário — disse ela, que afirma que, com a pandemia, aumentou a busca dos clientes por serviós de agências, pois nos piores momentos do setor foi provado que a assessoria de empresas sérias fez a diferença, em momentos de cancelamentos de voos e reservas.
Jerome Cadier, da Latam Brasil, afirmou que a recuperação está sendo puxada pelo setor doméstico.
— Estamos ampliando nossa malha. Passaremos dos atuais 45 destinos para 56 destinos domésticos no fim do primeiro trimestre de 2022 —, conta ele, que lembra, contudo, que a recuperação do turismo internacional só deve voltar em 2023
Leonel Andrade, da CVC, confirma que há muita demnanda retraída, com a pandemia e os momentos de isolamento social:
—Teho dito que, neste verão, vai faltar hotel e vai faltar avião — conta.
Carina Câmara, coordenadora da Câmara Temática de Turismo do Consórcio Nordeste, conta que muitas pessoas aproveitaram a pandemia, com fronteiras fechadas, para conhecer o Brasil. Isso melhorou a qualidade dos atrativos, principalmente para a Classe A:
— Hoje já é possível organizar um jantar de luxo nas dunas dos Lençóis Maranhenses de pessoas que chegam até o local de helicóptero — disse ela.
Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), afirma, contudo, que o setor ainda carece de apoio, planejamento de longo prazo e estratégia do governo, principalmente com o risco de uma piora no sistema tributário e em um cenário econômico mais desafiador:
— Juros mais altos e inflação não afetam apenas os turistas, afetam as empresas do setor, que empregam muitas pessoas em todo o país — disse.
Fonte: O Globo