FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HOSPEDAGEM E ALIMENTAÇÃO

Resultado do 1º turno das eleições e impactos esperados na política, mercados e economia

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Crédito/Foto: © Antonio Augusto/Ascom/TSE

Fernando Ferreira                                            Caio Megale
Estrategista Chefe e Head do Research      Economista-chefe da XP

Paulo Gama                                                       Victor Scalet
Analista Político                                               Estrategista Macro

XP Research XP

Nesse domingo, o 1º turno das eleições ocorreu no Brasil, com votações para Presidente, Governadores estaduais, Senado e Deputados Federais e Estaduais. No total, 122 milhões de eleitores compareceram às urnas, e o nível de abstenção ficou em 20,9%, similar a eleições passadas.

Trazemos, nesse relatório, o comentário das nossas equipes de análise Política, Economia e Estratégia, sobre os resultados e o que esperar para os preços de ativos e mercados.

O segundo turno entre Lula e Bolsonaro

Equipe XP Política

Em que pese nosso cenário já contemplasse uma dianteira de Lula sobre Jair Bolsonaro menor que os 13 pontos anotados pelas pesquisas de véspera, o resultado do primeiro turno da disputa presidencial, com uma vantagem de 5 pontos a favor do petista, reduz a probabilidade de vitória do ex-presidente em segundo turno, embora, em um primeiro momento, não lhe subtraia seguir com ainda um certo favoritismo no 2º turno.

Isso porque, com 99,4% das urnas apuradas, havia cerca de 8,4 pontos em disputa — Bolsonaro precisaria conquistar pelo menos 79% deles para ser vitorioso daqui quatro semanas.

E, nas últimas semanas, a migração potencial estimada não parecia o favorecer: dos cerca de 6% que Ciro Gomes registrava em pesquisas, algo entre 3 e 4 pontos migravam para Lula no segundo e cerca de 1 ponto ia para Bolsonaro. Dos cerca de 4% de Simone, 2 pontos iam para Lula e 1 ponto para Bolsonaro no segundo turno — em que pese o estudo sobre migração de votos tenha limitações, seja pelos movimentos de reta final, seja pela pequena amostra oriunda dos votos já magros de antes.

Em termos absolutos, fez muita diferença para o resultado deste domingo a discrepância nos estados do Sudeste: em São Paulo, pesquisas davam perto de 10 pontos de vantagem de Lula sobre o presidente, enquanto Bolsonaro teve 7 pontos de dianteira sobre o petista. Minas Gerais e Rio de Janeiro tiveram resultados na mesma direção.

A distância menor, por óbvio, dá fôlego à narrativa da campanha de Bolsonaro — ainda mais porque o comitê petista chegou à reta final falando em “onda” que poderia lhe dar a vitória em primeiro turno. Embora atrás, Bolonaro sai do primeiro turno com cara de vitorioso.

Para o segundo turno, ele contará também com relevantes aliados em estados populosos. Em Minas, Romeu Zema, reeleito, ganha incentivos a fazer campanha para Bolsonaro, e a dianteira de Tarcísio de Freitas em São Paulo lhe dá importante palanque no maior colégio eleitoral do país. A ordem, portanto, é investir pesado nesses dois estados e aproveitar a vantagem conquistada Brasil afora, como nas 18 vagas conquistadas de um total de 27 para o Senado, para ter palanques fortes, capazes de inverter a vantagem de Lula

A campanha de Lula, que contava com um segundo turno em que apenas administraria a dianteira por quatro semanas, precisará se reinventar para manter o fôlego. Lula buscará ampliar a frente democrática com apoio dos partidos que não embarcaram no primeiro turno, como o MDB de Simone Tebet — que acabou superando Ciro — com expectativa de que a própria senadora declare seu voto no petista.

Impacto esperado para preços de ativos nos mercados

Fernando Ferreira, Jennie Li e equipe

O resultado das eleições mostra uma eleição muito mais apertada do que era esperado inicialmente. Isso trará possivelmente acenos mais ao centro por parte dos dois candidatos, na tentativa de atrair o eleitor de centro e ainda indeciso. Para os preços de ativos brasileiros, vemos esse cenário de uma eleição mais próxima possa ser recebido positivamente pelos investidores.

Além disso, as eleições do Congresso nacional também indicam uma força relevante dos partidos de Centro e de Direita. Isso indica que o próximo presidente, seja ele Lula ou Bolsonaro, terá que seguir negociando com a Câmara e o Senado nas pautas mais importantes.

Porém, vale lembrar que o cenário global e externo segue desafiador, o que pode também seguir pesando nos ativos brasileiros nas próximas semanas, durante o 2º turno. Nos últimos dias, notícias sobre possíveis dificuldades em alguns bancos Europeus foram o destaque.

O pleito segue em aberto para o 2º turno, e o mercado deve acompanhar de perto as próximas evoluções dos candidatos e suas propostas. Isso pode vir a elevar um pouco a volatilidade do mercado, que segue em um patamar baixo em relação ao histórico durante períodos eleitorais, como demonstramos nesse relatório.

Os papéis e setores que tendem a ser mais sensíveis às eleições são as estatais (como Petrobras e Banco do Brasil), e setores domésticos como educação, imobiliário e varejistas. Além disso, papéis ligados às eleições estaduais também podem ter bom desempenho por conta da eleição de candidatos da direita, como Sabesp (SBSP3), com o forte resultado do candidato Tarcísio de Freitas no 1º turno, Cemig (CMIG4) com a reeleição do governador Zema, e Banrisul (BRSR6) com o 2º turno entre Onyx Lorenzoni e o ex-governador Eduardo Leite.

Nós continuamos enxergando a Bolsa brasileira como atrativa, pois segue negociando em um indicador de Preço/Lucro de 6,6x, 40% de desconto em relação à média histórica. Em nosso Raio-XP desse mês, mantemos o valor justo do Ibovespa em 130 mil pontos inalterado esse mês. A queda dos juros futuros (DIs) de longo prazo no Brasil segue sendo um suporte importante para o valor justo da Bolsa.

Política fiscal adiante segue sendo a principal dúvida no âmbito econômico

Caio Megale e equipe

Do ponto de vista da política econômica, o primeiro turno da campanha trouxe pouca novidade. Tanto o presidente Bolsonaro quanto o ex-presidente Lula sinalizaram a intenção de substituir o teto constitucional de gastos como principal âncora fiscal, mas não está claro o que vem a seguir. Considerando que o Brasil ainda possui dívida e serviço da dívida elevados, a diretriz da política fiscal a partir de 2023 é fundamental para que as expectativas de inflação continuem caindo, abrindo espaço para o Banco Central reduzir juros adiante.

Além disso, muito pouco se falou sobre reformas estruturais, como reforma tributária e reforma administrativa.

Isso vai mudar nas próximas semanas? Possivelmente sim, mas provavelmente não muito.

O resultado relativamente apertado no primeiro turno pode pressionar Lula a dar mais detalhes sobre seu plano econômico e equipe, para atrair os eleitores mais moderados. O presidente Bolsonaro, por sua vez, tende a reforçar a importância de seu programa de transferência de renda Auxílio-Brasil para reverter parte da vantagem expressiva de Lula na região Nordeste.

Ainda assim, por ora não parece provável que muitos detalhes dos planos para a política econômica sejam divulgados. Se for esse o caso, os mercados tendem a permanecer voláteis pelo menos até o final do segundo turno. Os indicadores econômicos correntes devem permanecer positivos, com crescimento sólido, inflação em queda e resultados fiscais e de balanço de pagamentos saudáveis. Mas isso não importa muito, em meio a elevados riscos globais e locais para 2023.

Fonte: XP – Expert XP – conteudos.xpi.com.br/acoes/relatorios

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