FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HOSPEDAGEM E ALIMENTAÇÃO

Hotelaria global se recupera e Brasil é destaque

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Crédito/Foto: Pexels

Chegando ao fim do terceiro ano de pandemia, a hotelaria de todo o mundo vem se aproximando dos níveis de desempenho de 2019. É o que diz o Relatório Global de Gestão de Ativos de Hotéis divulgado esta semana pela JLL Hotels & Hospitality. Embora a inflação tenha aumentado em quase todas as regiões do globo, o estudo também avalia que os hotéis conseguiram repassar preço aos clientes, mantendo a perenidade dos negócios.

No Brasil, as perspectivas do mercado são similares. “Apesar da previsão de crise mundial, que obviamente afetará a economia, acreditamos que o Brasil está em um momento muito bom. Estamos nos recuperando e o mercado está voltando em termos de demanda”, afirma Ricardo Mader, diretor de Valuation e Advisory Services da JLL, em entrevista ao Hotelier News.

De acordo com o estudo Hotelaria em Números 2022 da JLL, as diárias médias dos hotéis do Brasil estavam extremamente defasadas nos últimos anos. Em 2021, o indicador ficou 42% abaixo dos valores de 2011, se comparado com a variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). “Talvez a hotelaria seja uma das indústrias que menos reajustou preços nos últimos 10 anos, o que claramente afetou as margens de lucro dos hotéis”, comenta Mader.

“Entretanto, como já pode ser observado nos preços dos hotéis e nas últimas notícias, as diárias médias iniciaram uma recuperação muito rápida de março e abril para cá. Nós praticamente já tiramos a diferença e acredito que ainda exista algum espaço para ampliar”, continua Mader. “Digo isso porque não estamos nem crescendo, apenas reajustando o que a hotelaria perdeu nos últimos dez anos”, explica.

Para 2023, a expectativa do diretor da JLL é que o indicador permaneça em alta, mesmo que em ritmo reduzido de crescimento. Na avaliação de Mader, é importante considerar que o primeiro trimestre de 2022 ainda foi muito afetado pela pandemia, em especial pela variante Ômicron. “Portanto, estamos bastante otimistas em relação a isso”, comenta o executivo da JLL.

Além da pressão inflacionária, 2023 pode apresentar a questão salarial como desafio para o orçamento “Os dissídios devem vir um pouco mais pesados, e portanto, haverá um aumento de custos. Contudo, acho que é hora de trabalhar a diária e fazer com que acompanhe os gastos”, pontua Mader. “Creio que, em relação à 2022, vamos conseguir manter um crescimento da margem de lucro dos hotéis no ano que vem”, reforça.

O desenvolvimento hoteleiro, contudo, segue sendo uma questão complexa neste momento no Brasil, onde o financiamento de prateleira inexiste. “Até o condo hotel, que tinha como objetivo servir como alternativa, já não atrai mais tantos investidores. Além disso, a CVM (Comissão de Valores Imobiliários) vem restringindo cada vez mais a ação dos incorporadores, limitando o interesse”, exemplifica Mader.

Essa situação de baixo crescimento da oferta, segundo Mader, vem acontecendo há algum tempo, mesmo antes da pandemia. “Não consigo enxergar um momento em que as taxas de juros estejam baixas e a economia equilibrada a ponto de aparecer muitas fontes de financiamento para novos empreendimentos hoteleiros”, alega o diretor. “Acredito que esse ciclo baixo de desenvolvimento persistirá por mais uns dois ou três anos”, estima.

Vale ressaltar que essa questão da hotelaria não tem envolvimento direto com a pandemia, mas com o cenário macroeconômico brasileiro. “Acredito que temos aí mais um tempinho para o mercado de capitais brasileiro equilibrar a ponto de os bancos começarem a considerar financiamentos a projetos hoteleiros realistas em termos de custo de desenvolvimento e expectativa de retorno”, afirma Mader.

De certa forma, esse cenário pode acabar ajudando bastante a fortalecer o desempenho dos hotéis existentes, segundo Mader. Se isso se concretizar, é possível que o mercado enxergue a necessidade de novos hotéis no Brasil, caso a economia volte a crescer.

“Em geral, os hoteleiros estão otimistas para o final deste ano, para 2023 e, se Deus quiser, pros próximos anos. O mais importante é não permitir que a diária média caia. Não podemos andar para trás e voltar a uma guerra de tarifas, que não ajudam ninguém”, ressalta Mader. “É crucial que se foque no equilíbrio dos preços, senão será impossível manter um negócio saudável”, conclui.

Fonte: Hotelier News

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